No primeiro dia limpou a casa, caiou as paredes, pendurou as cortinas, distribuiu os móveis, arrumou os livros, pintou o número na porta, colocou o tapete, forrou o sofá e viu que isto era bom.
No segundo dia estendeu os fios, instalou comutadores novos e brilhantes, e ligando os comutadores viu que a luz se fazia, clara, forte, iluminando tudo, reverberando nas paredes brancas, e isto também era bom.
No terceiro dia, construiu encanamentos, trouxe a água da vertente e, concluído o trabalho, abriu as torneiras e a água jorrou límpida, cristalina, ainda fresca do nascedouro, o que o fez sorrir, pensando que isto também era bom.
No quarto dia comprou um aguário com peixinhos de cor, uma gaiola com dois canários e um vaso com flores, que distribuiu pela casa, e vendo os peixinhos, ouvindo os canários, sentindo o perfume das flores ficou feliz, pois que isto era bom.
No quinto dia, banhou-se na água da vertente, barbeou-se, vestiu roupas novas, olhou-se ao espelho e viu-se criado na casa que construíra e pensou que precisava de uma companheira e saiu a bater de casa em casa, até que encontrou uma rapariga modesta e simples que aceitou com ele dividir a casa, os canários, as flores, a água e a luz, e a isto ele sorriu feliz, pois que era bom.
No sexto dia, acordou com a companheira, desembaraçou-lhes os cabelos, deu-lhe banho, perfumou-a, levou-a para o leito e amou-a, e deste amor nasceram muitos filhos que se multiplicaram e encheram a casa e que o fizeram feliz, vendo que isto era bom.
No sétimo dia, cumprida a tarefa, reuniu a família, dividiu o pão do celeiro e o vinho da adega, beijou um a um os filhos, sorriu para a companheira e, sem outro aviso, deitou para descansar e nunca mais acordou. E isto também foi bom.
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